O ritual é sempre o mesmo: um sábado por mês, por volta das 21h, começa o corrupio nas escadas do número 2 da Guerra Junqueiro. Caras familiares e outras novas vão chegando, para em conjunto pensar sobre Transformações, o tema proposto este ano pelo Ciclo de Filme e Psicanálise da APPSI.
Desde as primeiras sessões de cinema na APPSI, há já quase 3 anos, que a ideia proposta foi a de, em conjunto, vermos, ouvirmos e sentirmos um filme. Como linha orientadora existe apenas o tema proposto; a partir daí tudo é pensável e tudo é dizível. Quando o filme chega ao fim, há sempre bolo e chás, acabados de fazer, para reconfortar e dar algum tempo de as sensações assentarem. Sentados em círculo – que é cada vez maior – propomos que se deixe o pensamento correr livremente à medida que cada um de nós vai compreendendo como se deixou tocar e transformar e qual a ressonância que o filme teve em nós e em nós com os outros. Não há verdades absolutas e as diferentes subjectividades levam-nos frequentemente até novas e complexas perguntas. O tempo passa, invariavelmente, sem que tenhamos noção disso, tal é o encadeamento de ideias, de sugestões, perguntas e confissões que se partilham.
Até ao momento este Ciclo de Filme e Psicanálise trouxe-nos os filmes Os coristas (2004), de Christophe Barratier, Dos homens e dos Deuses (2010), de Xavier Beauvois, O miúdo da bicicleta (2011) de Jean-Pierre e Luc Dardenne, Mar Adentro (2004) de Alejandro Amenábar e A vida dos Outros (2006), de Florian Henckel von Donnersmarck.
Temos falado no valor da Verdade. Em universos fechados e na procura de pontes. Na importância do Amor e do Ódio. Na Morte e na Vida. Na importância do Olhar. Do Outro em Mim e em Mim no Outro. Em narrativas, escritas e histórias dentro da história. Na Resiliência e na Esperança. E em como tudo isto é transformador. Este é sem sombra de dúvida um espaço de Transformação e um espaço de Liberdade, onde todos os que estão presentes são tocados por algo muito especial, que não tem um nome e que faz com que se tenha vontade de voltar. Tem sido muito bom poder vivê-lo e senti-lo no corpo e na alma e saber que há mais até ao fim do ano. É bom saber que podemos descobrir mais. Juntos.
A Comissão de Filme e Psicanálise
Ana Guedes
Elisabete Miranda
Inês Evangelista
Paula Mora