Numa análise, tomando Winnicott como referência, do ambiente que se viveu no colóquio “A Culpa”, diria que saio, ao fim de praticamente quatro dias de colóquio (contando com o pré-colóquio), como se em um clima de celebração tivesse estado imersa. Talvez se tivesse celebrado o facto de estarmos muitos a partilhar e a provocar conhecimento, num clima de interesse, curiosidade, gosto. O ambiente de circulação de experiências e saberes, os quais se movimentaram em vários sentidos e não sempre do “sujeito suposto saber” para o “sujeito suposto não saber” foi uma riqueza deste colóquio e tem sido uma riqueza que se vem construindo no seio da APPSI. Da intervenção do interessantíssimo psicanalista Frank Summers sublinho o facto de ter transmitido que acredita que a psicanálise pode ser o último bastião na luta contra uma cultura tiranicamente objectivista.
Do painel “Em torno da Ausência da Culpa”, destaco a ousadia do Dr. mapas rotas Filipe Baptista-Bastos por ter vindo, na primeira pessoa, falar da culpa no Psicoterapeuta, e a comunicção do Dr. David Figueirôa que nos mostrou como, na verdade, a culpa nunca existe em falta mas sempre em excesso, tomando emprestada a história que lhe foi contada por Momik.
Paula Campos, Membro Associado da APPSI
Pertencendo nós a uma sociedade muito marcada pela culpa, “visitá-la” ajuda à nossa própria elaboração bem como à dos nossos pacientes. Com efeito, para ouvir falar sobre ela, temos que pensar nas “nossas próprias culpas”, o que favorece a sua progressiva compreensão. Ouvir falar acerca das suas várias facetas, das suas dimensões consciente e inconsciente, assim como como dos respectivos graus de intensidade, quer do ponto de vista psicológico quer filosófico, foi, sem dúvida, profundamente enriquecedor.
Podemos dizer que a compreensão da culpa vai diminuindo a sua própria intensidade, o que nos permite reorganizar os nossos afectos e relacionarmo-nos melhor com os outros, abrindo as portas à liberdade e à criatividade.
Maria Luísa Cruz, Membro Associado da APPSI
O ano de 2014 trouxe a realização de mais um Colóquio APPSI/IARPP-Portugal, em colaboração com os Centros de Estudos Clássicos e Comparatistas, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Durante três dias, pensou-se “A Culpa” de um modo vivo, sério e global, juntando à Psicanálise olhares provindos da Filosofia e da Teologia.
O excelente painel de conferencistas, enriquecido por convidados de relevo no plano nacional e internacional, engrandeceu o Colóquio, que contou com uma plateia significativa e uma participação sempre activa da mesma.
De um ponto de vista pessoal, a participação enquanto Membro da Comissão Organizadora foi extremamente gratificante, permitindo ver mais de perto a forma séria, coerente e empenhada com que a APPSI/IARPP-Portugal desenvolve as suas actividades e o espírito de colaboração e entreajuda patente na globalidade dos seus Membros.
Filipe Albuquerque, Membro em Formação da APPSI
O colóquio A Culpa, que se desenrolou numa atmosfera onde ecoam as palavas dos clássicos e dos poetas, foi para mim um espaço de partilha e de construção de conhecimento, de uma “relacionalidade” que se estendeu até ao jantar, onde Frank Summers e Ariel Liberman nos brindaram com a sua afetividade e simplicidade próprias de quem é “grande”.
O coloquio decorreu sob a égide da compreensão da culpa em abordagens multidisciplinares. A frase de Frank Summers “compreensão sem uma relação é o vazio, uma relação sem compreensão é cega” espelha bem os momentos que ali vivemos.
Patrícia Ferreira da Silva, Membro em Formação da APPSI