Ciclo de Cinema e Psicanálise 2021/2022 – Revoluções
Transformações da Subjetividade e da Cultura
Uma incursão no Dicionário Houaiss diz-nos que a palavra revolução é datada do século XV e designa: “grande transformação, mudança sensível de qualquer natureza, seja de modo progressivo, contínuo, seja de maneira repentina”; “movimento de revolta contra um poder estabelecido, e que visa promover mudanças profundas”. Contudo, mesmo antes da sua nomeação enquanto tal, a revolução sempre acompanhou o homem e, naquilo que representa de encontro íntimo do ser com a sua própria cultura e subjetividade, tem também sido um dos focos da Psicanálise.
Se todo o encontro psicanalítico começa no não saber, também o poderemos dizer das nossas revoluções, nascidas sempre, enquanto fenómeno, longe da luz, agitando-se lenta ou repentinamente para abrir os cursos que nos permitem encontrar os nossos lugares de aspiração e sentido. Tantas vezes, de forma violenta, contra uma cultura, uma institituição, um hábito que vestimos e que deixa de nos servir, de nos dizer, de nos libertar e representar em tudo o que precisamos de ser.
Falamos de revolução no seu sentido historicamente bélico, guerreiro, cultural, mas também de todas as revoluções com que acordamos e adormecemos diariamente, enquanto indivíduos, enquanto homens, mulheres, pais, filhos, subjectividades comunicantes em reconfiguração permanente. Enquanto seres relacionais, herdeiros de modelos que nos são gravados como ferro em brasa, portadores das mais profundas manifestações de paixão, amor, ódio, desejo, medo, angústia, sonho, fantasia… Somos, sobretudo, seres de transformação embalados no eco de Sartre: “um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas coisas que se começam sem saber como acabarão.”
Na revolução reflexiva que a APPSI propõe neste ciclo, a narrativa cinematográfica, enquanto ficção, é uma linguagem privilegiada para veicular esse olhar mais profundo em torno da nossa subjetividade e dos nossos caminhos de transformação. Que desafios nos colocam as nossas revoluções? E se todo o sentido fosse um mundo desenhado para a felicidade? Em que debate nos encontramos?
A partir de uma selecção de diferentes épocas, temas e estéticas, cada filme traz-nos uma abordagem e uma vivência diferente de revolução na esperança de semear o diálogo e encontros significativos, também eles, promotores da verdadeira transformação.
Calendário 2021/2022:
5 Novembro 2021 – The Dreamers (2003), Bernardo Bertolucci
3 Dezembro 2021 – Malcom & Marie (2021), Sam Levinson
21 Janeiro 2022 – Marriage Story (2019), Noah Baumbach
11 Fevereiro 2022 – Persepolis (2007), Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi
14 Março 2022 – Capharnaüm (2018), Nadine Labaki
8 Abril 2022 – Mustang (2015), Deniz Gamze Ergüven
6 Maio 2022 – Moonlight (2016), Barry Jenkins
3 Junho 2022 – Stealing Beauty (1996), Bernardo Bertolucci
Organização:
Filipa Barroso
Manuel Sousa
Miguel Moita
Rita Pupo
Informações e inscrições: pt.appsi@gmail.com