A Psicanálise Relacional ao mais alto nível. A recuperação do diálogo Psicanalítico Ibérico. O 1º Congresso Ibérico de Psicanálise Relacional. Razões que se bastam a si próprias para emoldurar a grande expectativa em torno deste encontro singular, como tem sido característica da APPSI e IARPP-Portugal, dedicado às “Transformações” na clínica Psicanalítica. Para vislumbrar um pouco do que por lá se vai passar, fomos falar com alguns dos principais oradores, aos quais colocámos as mesmas perguntas.
Rosa Velasco Fraile
Psicanalista; Vice-Presidente do Conselho Directivo da IARPP – Espanha
1. O que espera do 1º Congresso Ibérico de Psicanálise Relacional, que vai ter lugar em Cáceres?
As minhas espectativas ante esta primeira reunião Ibérica IARPP giram em torno de contactar com a comunidade ibérica de Psicoterapeutas relacionais, entendendo que trabalhar a partir da perspectiva relacional em Psicanálise implica considerar que a patologia psíquica é um derivado da interacção.
2. Qual a relevância de falar em “Transformações” no contexto Psicanalítico actual?
É importante que os especialistas em clínica do sofrimento psíquico comparem os seus pontos de vista para aumentar a eficácia terapêutica. O objecto central é avançar na compreensão do desenvolvimento da mente. Esse avanço influenciará o nosso trabalho de forma concreta; no espaço íntimo da Análise, e, em geral, no diverso mundo de experiências de relação entre pessoas.
3. Qual a característica mais relevante que um Psicanalista/Psicoterapeuta deve ter para permitir a criação de um espaço de transformação numa relação terapêutica?
O Analista que trabalha desde a perspectiva relacional acompanha o paciente com uma dinâmica incorporada como o piloto e o seu co-piloto, onde o piloto é o paciente e o co-piloto é o analista. O objectivo é diminuir o sofrimento mental e desbloquear o desenvolvimento emocional que estava bloqueado. O que se transforma é o afecto. O sentimento de valorização é uma espectativa universal dos seres humanos. Testemunhamos no presente da sessão psicoterapêutica o passado traumático para registar a dor. Compartilhar emoções é a forma através da qual, universalmente, os seres humanos transformam a dor. O espaço íntimo da Análise é um espaço adequado para realizar esta transformação.
Filipa Canêlo
Gonçalo Neves
[Entrevista realizada por e-mail]